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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Tenho que usar óvulos doados, e agora??

Olá gente, tudo bem??

Falarei hoje de um tema muito difícil para algumas pessoas, espero com isso poder ajudar em sua reflexão sobre usar ou não, óvulos doados. 

A primeira pergunta que deve ser respondida é: 

Quando recomendamos o uso de óvulos doados?
O uso de óvulos doados, é recomendado para pacientes com falência ovariana prematura (menopausa precoce), para qualquer paciente que após seguidas tentativas de FIV sem sucesso, não produziram um número de óvulos adequado ou embriões de boa qualidade, são más respondedoras. Para pacientes com mais de 42 anos também recomendamos o uso de óvulos doados, pois conforme expliquei em post anterior, nessa idade cerca de 80% dos óvulos possuem alguma alteração cromossômica. Um estudo publicado no ano passado no Congresso Americano, fez uma avaliação estatística e detectou que seriam necessários 24 embriões para que apenas 1 fosse saudável, em pacientes com mais de 42 anos. De acordo com esse dado estatístico, tendo uma média de 4 óvulos por tentativa, seriam necessárias no mínimo 6 tentativas para que uma paciente nessa idade produza 1 embrião saudável. 
A doação pode ser feita também para pacientes que tenham alguma alteração genética e que não desejam que seus filhos herdem essa alteração.

Como selecionamos as doadoras?
As doadoras são pacientes jovens até 32 anos que possuem uma boa resposta a estimulação ovariana produzindo mais de 10 óvulos e acabam doando de forma altruísta os óvulos excedentes. Outra forma de seleção, são pacientes jovens que não possuem condições de pagar pelo tratamento e algumas clínicas fazem o que chamamos de Tratamento Compartilhado em que a paceinte jovem entra com a doação dos óvulos e a paciente que vai receber custeia o tratamento. Os óvulos obtidos são divididos proporcionalmente a necessidade de cada uma das partes, de forma que as duas partes sejam beneficiadas e possam ficar grávidas.

Em ambos os casos, são realizados exames sorológicos das doadoras, avaliamos características físicas e tipagem sanguínea compatíveis com a receptora; e não devem ter nenhuma doença genética grave na família.

No Brasil, não é permitido o livre comércio dos gametas, ao contrário de outros países em que existem banco de gametas e doadores. A doação é ralizada sempre de forma anônima, quem doou não sabe para quem foi e quem recebe não sabe de quem recebeu. Essa informação é sigilosa e protegida por lei. 

Questão emocional do processo...

Ao conversar sobre o assunto com diversas pessoas, vejo que as opiniões são diversas e sempre se confrontam em dois pontos basicamente. O primeiro, que geralmente pessoas mais jovens e que não possuem filhos afirmam: "Mas esse filho não terá meu DNA!".  O segundo ponto, geralmente afirmado por pessoas que ja possuem filhos, já é a reposta para o primeiro: "Pai e mãe é quem cria"!..


Com base nesses dois pontos de vista, somados a minha experiência na profissão e em minha vida pessoal, darei aqui minha opinião.

Acredito que seja difícil mesmo receber uma notícia dessas, de que não pode usar seus óvulos. Nós, humanos, somos ainda egoístas e egocentristas, temos pré-conceitos contra nós mesmos e queremos que as coisas aconteçam como idealizamos, como desejamos que devessem acontecer e não como elas são realmente e devem acontecer. Esse é o primeiro passo para quem recebe essa notícia, é cair na real e refletir a respeito, qual o tamanho desse egocentrismo em relação ao tamanho do sentimento de ter um filho?

Afirmo para voces, isso é mínimo!!! Falo por mim e pelas centenas de pacientes que fizeram tratamento com óvulos doados e que hoje estão com seus filhos nos braços. Por mim, afirmo que o sentimento de ter um filho é tão grande, o amor que se sente é algo inexplicável, muda nossa visão da vida e do mundo. Como já disse anteriormente, é esse sentimento que descobri que me fez montar esse blog, para tentar de alguma forma auxiliar a todos que lutam na busca desse amor.

Retratando o que vejo das pacientes que usaram óvulos doados e que muitas tiveram esse impasse, é que hoje a felicidade dos filhos nos braços nem as fazem lembrar de que os óvulos são doados. A harmonia do casal, a realização da família e de um sonho. Voce, mulher, pode não dar o seu DNA para esse filho, mas voce o carregará por 9 meses em seu ventre, será a fonte de alimento para ele ao nascer, será a referência de amor, de caráter e de segurança para o resto da vida, dando a ele seu bem mais precioso. Abra seu coração para essa experiência....

  

Emocionado, deixo aqui esse post e peço para quem quiser, que tenha usado óvulo doado e hoje está grávida ou já tenha o filho nascido que deixe sua opinião nesse post...

Grande abraço!! Fiquem com Deus!!

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