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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Infertilidade Feminina: Idade

Finalmente vamos falar sobre a idade, uma grande vilã da mulher moderna. Espero aqui esclarecer a influência da idade na fertilidade.
Hoje em dia ocorre um fenômeno da sociedade moderna no qual a mulher da prioridade aos estudos, carreira profissional, estabilidade financeira, espera do príncipe encantado e etc... Com tudo isso a gravidez se torna um plano futuro e quando resolver ter filhos poderá ter mais dificuldades. É uma corrida contra o tempo, como conciliar a busca pelo sucesso profissional e a realização pessoal de ser mãe e constituir uma família? É realmente complicado e a vida é feita de escolhas...

Muitas mulheres acreditam que enquanto têm ciclos menstruais, ainda ovulam e podem, portanto engravidar. Entretanto isso não é uma verdade.
            Quando a mulher ainda é um bebe dentro do corpo de sua mãe seus ovários contém cerca de 7 milhões de óvulos. Esse número cai para 2 milhões ao nascimento e quando ela atinge a puberdade tem aproximadamente 400.000 óvulos. Aos 37 anos ela apresenta 25 mil óvulos e daí por diante o decréscimo é rápido até chegar à última menstruação chamada de menopausa. Veja o gráfico abaixo:


            Ao contrário do homem que produz os espermatozoides diariamente, como dissemos anteriormente a mulher já nasce com a população de óvulos e esses vão envelhecendo de acordo com a idade da mulher. Com isso, os óvulos são submetidos a todos os fatores nocivos que a mulher se expõe durante sua vida, por exemplo, o álcool e o tabagismo que são fatores tóxicos e prejudicam a qualidade oocitária causando um desarranjo cromossômico. 
         Por esse motivo há um aumento de óvulos com alterações genéticas que poderão levar a formação de uma criança com alguma síndrome genética (Síndrome de Down) ou a alterações genéticas menores principalmente relativas a número, ausência ou troca de partes cromossômicas levando a aneuploidia. Para se ter uma idéia, aos 25 anos 17% dos óvulos de uma mulher possuem algum tipo de alteração genética e com 40 anos essa taxa aumenta para 79% (veja a figura abaixo). As aneuploidias são responsáveis por 65 a 80% dos abortamentos do primeiro trimestre de gravidez.

            


Desse modo, as pacientes com mais de 37 anos estão numa fase com um número menor de óvulos e destes quase 80% não tem qualidade suficiente para evoluir. Também aumentam as chances de abortamento até o 3º mês de gestação devido as alterações cromossômicas.Por isso a chance de uma mulher de 40 anos engravidar, por ano, é de apenas 7%. Se compararmos com a chance de uma mulher com menos de 35 anos, que é de 92% por ano, é muito pouco.
Através da realização de exames pode-se avaliar a “reserva ovariana” e saber se a mulher ainda tem óvulos, assim podemos indicar um tratamento com FIV ou aconselhar a paciente a utilizar da “ovodoação” para engravidar. Nos casos de FIV em que a paciente utiliza os próprios óvulos é indicado a realização do Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGD) para detecção de alterações cromossômicas nos embriões antes de serem colocados no útero materno.
Só falei tragédia até agora né?!?! Aí voces podem me perguntar - então quer dizer que eu não posso mais engravidar aos 40??? Quer dizer que meu óvulo é alterado??? Quer dizer que não tenho mais óvulos???
Calma, calma , calma.... as respostas são Não, não e não! Cada caso é um caso, temos que avaliar um por um, tenho pacientes com mais de 40 que produziram embriões mais bonitos que de mulheres com menos de 30 anos. Tenho pacientes de 30 e 40 anos que não conseguiram produzir um óvulo se quer e recorreram a ovodoação. Tive paciente com 44 anos que resolveu fazer a análise genética dos embriões e todos estavam alterados, outras tinham metade alterados e metades sadios, outras tinham todos normais.... O importante é fazer uma primeira tentativa para conhecermos o seu corpo, sua resposta ovariana e a qualidade dos embriões... se voce não engravidar de cara, teremos vários parâmetros para conduzir o ciclo seguinte.
Estou a disposição para esclarecer as dúvidas, fiquem a vontade!!
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No próximo post continuaremos com a série Infertilidade Feminina e falarei sobre a Menopausa.
Um abraço fique com Deus.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Infertilidade Feminina: Síndrome dos Ovários Policísticos

     A Síndrome dos Ovários Policísticos (mais modernamente chamada de Síndrome de Anovulação Crônica) é uma freqüente causa de infertilidade, caracterizada por um aumento do hormônio LH em relação ao FSH, e isto ocorre quando o nível de LH é pelo menos duas vezes maior do que o de FSH. Esta alteração leva a um aumento de androgênios (hormônios masculinos) no ambiente do folículo, em dose não desejada.

     Em 40% das pacientes podemos encontrar ovários micro policísticos ao exame ultrassonográfico (pelo menos dez pequenos folículos, na periferia dos ovários), aumento de pêlos (rosto, mamilos, abdome, nádegas, dorso, etc.), aumento de acne (pelo corpo, mas principalmente no rosto) e aumento de peso. Esses sintomas podem ocorrer em conjunto ou isoladamente.






      Além dessas alterações podemos ter ausência de ovulação (anovulação), espaçamento entre as menstruações (espaniomenorréia) ou diminuição no volume menstrual (oligomenorréia).


      O diagnóstico é feito pela anamnese, por um exame físico, dosagens hormonais e pela Ultrassonografia. Dosagens hormonais mais específicas dos hormônios metabolizados nas glândulas supra-renais podem definir a origem do problema.


     O tratamento de um modo geral visa à restauração da ovulação e a solução de alguns problemas estéticos. Caso a paciente não deseje engravidar utilizam-se os antiandrógenos em forma de pílula anticoncepcional que regula o ciclo e diminui os níveis de Andrógenos.


    Nos casos em que a paciente deseja obter gravidez, se recomenda a estimulação ovariana controlada associada a técnicas de Reprodução Assistida. 

     Nas pacientes de fertilização in vitro, muitas vezes as pacientes com essa síndrome têm que cancelar o ciclo de estimulação ovariana, ou por que não teve uma boa resposta ovariana ou teve uma hiper resposta ovariana produzindo mais de 40 folículos e com grande risco de ter a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano. Portanto essas pacientes devem estar cientes de que o médico as vezes leva um tempo para ajustar a dose individual de cada uma, não se frustrem pelo cancelamento do ciclo, continuem firmes que no próximo será melhor que o primeiro e o outro será melhor que o segundo até conseguirem aspirar e transferir os embriões para o útero

Amanhã continuarei com a série de Infertilidade Feminina e falaremos sobre o fator IDADE que é muito interessante....

Grande abraço, Fiquem com Deus...

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Infertilidade Feminina: Miomas Uterinos

Por definição os Miomas são tumores benignos oriundos de uma fibra muscular. Apesar de serem benignos, podem ter crescimento rápido ou lento, são muito vascularizados e podem sangrar muito, são mais comuns na raça negra, e dependendo do tamanho causam compressão de órgãos adjacentes ou hemorragia. Também podem ter outras intercorrências menos comuns.

A classificação dos Miomas é feita de acordo com sua localização. Se forem externos ao útero são chamados de suberosos, se forem dentro da parede do útero são chamados de intramurais, e se forem internos a parede uterina são chamados de submucosos.




Os miomas geralmente aumentam de tamanho com os ciclos menstruais por serem dependentes de hormônio.



Em termo de fertilidade os miomas submucosos são os mais prejudiciais por causarem um processo inflamatório local e atuarem como um DIU (dispositivo intra-uterino) sendo um “corpo” estranho dentro do útero, impedindo assim a implantação do embrião. Os externos e intramurais só serão prejudiciais para a fertilidade se tiverem tamanho exagerado.
              
       O tratamento dos miomas pode ser medicamentoso, cirúrgico ou obstrutivo. No tratamento medicamentoso são utilizados hormônios (progesterona ou análogos de GnRH) que causam um bloqueio dos ciclos e sem os hormônios os miomas regridem. O tratamento cirúrgico pode ser feito por via abdominal por uma cirurgia minimamente invasiva (Video-laparoscopia) ou por via vaginal através da Histeroscopia, isso depende da localização e tamanho do Mioma. Há também o método de embolização que “entope” os vasos que alimentam o mioma, sem nutrição específica o mioma regride de tamanho.

           Muitas vezes a retiradas dos miomas resolvem a infertilidade e é possível engravidar naturalmente. Por sua vez a fertilização in vitro não resolverá se não for retirado o mioma. 

Amanhã continuarei com a série sobre Infertilidade Feminina e falarei de Ovários Policísticos...

Abraço

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Infertilidade Feminina: Fator Tubário

O fator tubário é um dos fatores mais comum de infertilidade na mulher, acomete aproximadamente 30% dos casos.
Muitas pessoas pensam que este fator está associado somente à obstrução das trompas, mas outros fatores também podem influenciar no processo. De modo geral temos as obstruções, as aderências e fatores externos. Em todos eles ocorre um processo inflamatório que danifica ou obstrui a tuba uterina. Entre esses processos estão às cirurgias (não necessariamente só ginecológicas), as infecções, as inflamações, a endometriose, ovulações com hemorragia e etc.
Vamos entender um pouco das funções das tubas uterinas, são elas as responsáveis por captar o óvulo no momento da ovulação para isso elas tem que se movimentar e chegarem até o ovário, ou seja, ao contrário do que muitos pensam elas não ficam paradas.  Nelas acontece o encontro do espermatozoide com o óvulo e é formado o embrião que será transportado até o útero pelos movimentos das tubas uterinas. Nas tubas uterinas é produzido o "leite tubário", um fluído nutritivo que serve de alimento para o embrião se desenvolver até chegar ao útero.

Um erro comum que encontramos no dia a dia ocorre no exame de histerossalpingografia. Nesse exame, se injeta um contraste no útero que preenche a cavidade uterina e as tubas uterinas geralmente para verificar se há alguma obstrução. Muitas vezes, erroneamente observamos que no laudo está escrito dentro da normalidade porque houve passagem do contraste, mas não é possível detectar qualquer movimentação das tubas ou verifica-se que estão em posições altas e fixas significando que não pérvias, ou seja; passa o contraste, mas são fixas diminuindo a chance de captação dos óvulos e conseqüentemente da fertilidade. Esses casos são chamados de fator tubário menor.
Quando ocorre um fator tubário não obstrutivo aumenta a chance de uma gravidez ectópica tubária. A incidência de gravidez tubária na população em geral é de 5% e quando existe um fator tubário menor a chance aumenta para 50%.

A indicação dos tratamentos depende sempre da qualidade das tubas. No coito programado e na inseminação artificial sempre precisamos das tubas íntegras. No caso de obstrução ou laqueadura indica-se a Fertilização In Vitro

Amanhã falarei de outro fator feminino...
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Abraço

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Por que não consigo engravidar???



Se você já parou o uso de anticoncepcionais, tem relações sexuais frequentes há mais de um  ano e ainda não engravidou, provavelmente tem alguma coisa errada e você precisa de ajuda de um especialista!

Por definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), são considerados inférteis os casais que não conseguem engravidar após um ano de tentativa, com ritmo sexual adequado e sem usar métodos anticoncepcionais.

Fique calma(o), isso não acontece só com voce!!! Estima-se que 20% da população mundial de casais terão dificuldade de engravidar. No Brasil, estima-se que sejam mais de 30 milhões de casais.


Mesmo sendo infértil eu posso ter um filho??? Sim! Infertilidade é diferente de Esterilidade, na infertilidade existe um problema em alcançar a gestação que geralmente pode ser corrigido com técnicas de Reprodução Assistida. Na esterilidade, são casos mais complicados como ausência total de gametas (espermatozoides e óvulos) ou ausência de órgãos reprodutivos como testículos, ovários e útero. Para os casos de esterilidade o sonho também pode ser alcançado mas de maneira diferente que comentarei em outro post.

As causas da infertilidade são divididas democraticamente, em 35% dos casos os fatores são exclusivamente masculinos, em 35% os fatores são femininos, em 20% os fatores são de ambos e em 10% não encontramos fatores preponderantes para a infertilidade sendo chamado de infertilidade sem causa aparente ou detectável.

A dificuldade de engravidar de certa forma já faz parte da natureza do ser humano, sabia que as chances de engravidar naturalmente são somente de 19,9% por ciclo menstrual??? Se acumularmos essas chances mensalmente ao longo de um ano,  a chance acumulada é de 92% ao final do ano. Por isso, consideramos a infertilidade somente após um ano de tentativas sem sucesso. Os casais inférteis tem uma chance menor do que essa para engravidar. Por exemplo, uma mulher de 40 anos tem uma chance acumulada de 7% por ano de tentativa.

Por isso a importância de se procurar um especialista em infertilidade e diagnosticar o quanto antes possíveis as possíveis causas e buscar opções de tratamento para a realização desse sonho!! Atualmente com o auxílio da Reprodução Assistida temos tratamentos que aumentam em quase 40% as chances de gravidez por ciclo quando comparadas com as chances naturais. Temos hoje uma taxa de sucesso média de 54% para pacientes que recorrem ao tratamento de fertilização in vitro.

Nos próximos post´s começarei a explicar as principais causas de Infertilidade do homem e da mulher....
 
Não desistam dos seus sonhos!!
 
Abraços


 

O CORAÇÃO DE UMA CLÍNICA DE REPRODUÇÃO HUMANA

Olá pessoal, tudo bem?

Sabe aquela passagem bíblica que diz: "Me diga com quem andas e te direi quem és"? É mais ou menos assim em uma clínica de reprodução humana em relação ao seu laboratório. Assim como em um restaurante em que a cozinha deve ser impecável para a garantia de qualidade do serviço, o laboratório  de uma clínica também deve ser.

O laboratório é considerado o coração da clínica de Reprodução Humana, cerca de 60% do sucesso do tratamento é de responsabilidade do laboratório e dos embriologistas envolvidos. O correto funcionamento do laboratório torna-o capaz de produzir embriões de boa qualidade na maioria dos casos, obviamente nem sempre um embrião de qualidade ruim é culpa do laboratório e sim de falhas do metabolismo do próprio embrião. Mas se possuímos um bom controle de qualidade do laboratório e na maioria dos casos temos sempre embriões de boa qualidade para serem transferidos, conseguimos saber onde está o problema.




Por hoje só queria deixar essa dica, antes de escolher a clínica que desejar realizar o tratamento se informe melhor sobre resultados específicos do laboratório, taxa de sucesso, taxa de fertilização e taxa de embriões de boa qualidade. Quando der certo seu tratamento e voltar na clínica para a realização das ultrassonografias de acompanhamento da gestação, não deixe o mérito somente para os médicos e lembre-se que por trás dos bastidores está um profissional extremamente dedicado e que foi responsável por 60% da sua felicidade naquele dia.

Obrigado

Bom início de semana!!!