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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Da transferência ao Resultado: Entenda o que acontece durante esses dias!

Olá pessoal, tudo bem?

O período pós transferência dos embriões é geralmente muito estressante para algumas pacientes, para outras de muita ansiedade e para todas um período de muita expectativa. Talvez seja um período meio obscuro, afinal não podemos mais controlar e dar informações pelo laboratório, é um período que depende muito da capacidade do embrião e de sua sintonia com o endométrio ( camada interna do útero).

Algumas pessoas me pediram para explicar sobre o que acontece no período, geralmente de 12 dias, pós-transferência até o dia do B-hCG (exame de gravidez). Antes, sugiro que leiam a explicação que dei sobre a Classificação dos embriões, para auxiliar no entendimento dessa postagem. Segue abaixo a explicação passo-a-passo desde o dia da retiradas dos óvulos até o exame de gravidez:

O dia da ICSI é considerado o dia 0 (zero) - é o dia do "encontro dos gametas".




Dia 01:No dia seguinte da ICSI, verificamos no laboratório a fertilização dos oócitos que foram injetados pela visualização de Dois Prónucleos sendo um do óvulo e outro proveniente do espermatozóide. A fertilização termina com a união dos dois prónucleos e os cromossomos materno e paterno se "embaralham" dando origem a um DNA novo e único.



Dia 2: verificamos a clivagem dos embriões, após a formação de um novo DNA, damos início a divisão celular ou clivagem das células. O ideal é que o embrião esteja com 4 células após 48hs da ICSI. Algumas clínicas (como eu), já não fazem mais essa checagem de dia 2, pois estudos recentes demonstram que ficar tirando os embriões da incubadora para a checagem pode ser prejudicial para seu desenvolvimento.




Dia 3: O embrião deve estar com 8 células após 72hs da ICSI, A transferência dos embriões geralmente é feita neste dia ou no dia 5.

Dia 4: o embrião deve estar no estágio de mórula, a partir daqui a contagem do número de céulas é mais difícil, pois o embrião possui cerca de 16 células e inicia-se um processo de compactação dessas células.



Dia 5: O embrião deve estar no estágio de blastocisto. O blastocisto ja possui uma estrutura mais complexa e diferenciada, por isso existe uma tendência de transferência em dia 5, recomendado para pacientes com mais que 5 embriões. Pois conseguimos selecionar melhor os embriões para transferência, pois nem todos chegam a este estágio. O blastocisto é, basicamente, caracterizado pela presença de:
- uma massa celular Interna (ICM) : é uma estrutura rica em células-tronco embrionárias, que são responsáveis pela origem do embrião (feto).

- Trofoblasto ou Trofectoderma: camada periférica de células que darão origem a placenta.



Dia 6: a divisão celular continua, já é tão grande o número de células que o blastocisto consegue romper e sair da zona pelúcida que o envolvia, permitindo assim ele "buscar" um local para fixar-se no útero. (Também podemos transferir embriões em dia 6, em alguns casos)



Dia 7: O embrião se prende ao endométrio e busca novas maneiras de se nutrir, para isso, ele começa a invadir o endométrio em busca de vasos sanguíneos, dando início ao processo de implantação.




Dia 8: o processo de implantação continua, as células do blastocisto denominadas "sinciciotrofoblasto" produzem enzimas que vão "escavando" o tecido endometrial e destruindo algumas células do tecido que servirão de nutrição e o blastocisto vai assim crescendo e penetrando ao tecido.



Dia 9: O blastocisto consegue atingir os vasos sanguíneos para se nutrir e está implantado ao endométrio. As células do sinciciotrofoblasto começam a produzir o hormônio da Gonadotrofina Coriônica - hCG, para "avisar" ao corpo materno que existe um embrião ali e que o ovário precisa continuar produzindo progesterona. Se não houver esse aviso por parte do embrião, dentro de 3 a 5 dias a mulher menstrua. Atenção: os níveis de hormônio produzidos nessa fase, ainda não são detectáveis por nenhum exame!



Dias 10 e 11: o embrião ou concepto como é chamado nessa fase, já está completamente implantado no útero, com circulação sanguínea funcionante para sua nutrição, com sua estrutura bem mais complexa e diferenciada tanto na parte embrionária quanto a placentária.



Dias 12, 13 e 14: O útero sofre modificações nesse período se organizando para a gestação devido a "notificação" emitida pelo embrião pela produção do hormônio. A placenta nessa fase está bem organizada, desenvolvimento nessa fase é maior em relação ao embrião. O embrião continua sua diferenciação nas células determinando " quem vai fazer o que".

Dia 15: Doze dias depois da transferência é chegado grande dia do exame de gravidez, a partir dessa data os níveis hormonais de hCG são detectáveis no sangue materno e provavelmente nesse dia ocorreria a menstruação para os casos em que o embrião não conseguiu se desenvolver adequadamente. A partir dessa data, já é possível a visualização do saco vitelino ao exame ultrassonográfico. Um pequeno sangramento vaginal nesse período não elimina a gravidez, pois pode ser um sangramento resultante do processo de implantação do embrião. Como descrito anteriormente, o embrião invade os tecidos em busca dos vasos sanguíneos e durante esse processo pode extravasar sangue para o útero.


Portanto, não façam o exame de gravidez antes do dia indicado pela clínica, pois isso pode gerar uma frustração, com descarga de adrenalina e outros fatores que podem interferir na implantação do embrião.

Espero que tenham gostado!

Grande abraço, fiquem com Deus!





terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Doação de Óvulos: Ato e Oportunidade Sublimes

Olá pessoal, tudo bem?

Por conta da correria do dia-a-dia, não tenho conseguido escrever tanto quanto eu gostaria, mas hoje gostaria de conversar com vocês sobre a doação de óvulos ou ovodoação.

A ovodoação ainda é proibida em países da Europa como Áustria, Alemanha, Croácia, Suíça e Noruega. Recentemente foi aprovada na Itália. Nos EUA, o comércio de óvulos é legalizado, por entenderem que cada indivíduo é dono de si mesmo, inclusive o próprio DNA. No Brasil, apesar da proibição do comércio, a prática da doação é aprovada e regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), disposta na Resolução CFM nº 2.013/13 (acesse a íntegra em PDF).

Em resumo, ao que consta na resolução do CFM sobre a doação de gametas:
1 - A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
2 - Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
3 - A idade limite para a doação de gametas é de 35 anos para a mulher e 50 anos para o homem.
4 - Obrigatoriamente será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais, as informações sobre doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do doador.
5 - É permitida a doação voluntária de gametas, bem como a situação identificada como doação compartilhada de oócitos em RA, onde doadora e receptora, participando como portadoras de problemas de reprodução, compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento de RA. A doadora tem preferência sobre o material biológico que será produzido. 


A nova resolução também deixa mais claro quanto ao número de óvulos e embriões a serem transferidos no caso de doação: estes devem ser respeitada a idade da doadora e não da receptora. Essa decisão se dá porque a qualidade dos óvulos doados são maiores: “a paciente acima de 40 anos tem probabilidade de engravidar em torno 10%, já as pacientes menores de 35 tem chances acima de 40%. Essa limitação reduz as chances de gestação múltipla, que seria mais um fator de risco para mulheres mais velhas. É preciso ficar atento à maturidade desses óvulos e não de sua receptora.

- Quem pode doar?
- Qualquer mulher com até 35 anos, desde que seja feita de forma voluntária.
- Mulheres que desejam engravidar com até 35 anos, que precisam de auxílio pela Reprodução Assistida e não possuem condições financeiras para custear o tratamento. Para esses casos, recomendamos a doação compartilhada.

- Como funciona a Doação Compartilhada?
De maneira sigilosa, intermediada pela clínica de Reprodução Assistida, O tratamento de FIV completo da doadora é custeado ou podemos dizer, "doado", pela mulher que precisa receber os óvulos (chamamos de receptora). No dia da retirada dos óvulos, verificamos a quantidade que foi retirada e dividimos igualmente entre as partes e são injetados os óvulos com os espermatozóides dos respectivos maridos. 

- Quem se beneficiaria com essa doação?
- Milhares de mulheres que não conseguem engravidar e não possuem condições financeiras para o tratamento e que esperam anos na fila do serviço público. Poderiam ser as doadoras.

- Outras milhares de mulheres inférteis que não conseguem gerar um filho a partir das próprias células por razões como menopausa precoce, tratamentos oncológicos realizados sem que antes houvesse a preservação da fertilidade, ausência dos ovários, e a famigerada e não menos decisiva passagem do tempo - que na biologia reprodutiva da mulher pode ter um peso esmagador. 

Atualmente, sabemos que cerca de 85% dos óvulos, de uma mulher com mais 40 anos, possuem alterações cromossômicas e esse número aumenta de acordo com o aumento da idade.

- Como faço para doar ou receber óvulos?
Procure uma clínica de Reprodução Assistida e se informe sobre o programa de doação de óvulos. 


Existe fila em diversas clínicas de Reprodução Assistida, principalmente de mulheres precisando receber óvulos e ás vezes não encontram doadoras compatíveis com suas características.

Doar óvulos é doar uma nova oportunidade para a vida dessas mulheres que buscam a gestação!

Um grande abraço, fiquem com Deus!